Onde estão as oportunidades?
André Bacci, um ex-bancário que largou o emprego para viver apenas dos dividendos de fundos imobiliários (FIIs), também participou do debate. Assim como Barsi Neto, Bacci considera que os FIIs estão descontados e vê o momento como propício para adquirir mais cotas.
O foco de Bacci atualmente está nos fundos de papel, que investem em títulos do mercado imobiliário (CRIs e LCIs), muitos deles apresentando retorno na faixa de IPCA + 13% ao ano. Contudo, ele observa que essa modalidade se encaixa melhor para quem ainda está formando sua carteira. “Para quem está se aposentando, é melhor ter um FII de tijolo para tentar acompanhar a inflação”, diz.
Sectores promissores para dividendos
No que diz respeito às ações, Barsi Neto considera alguns segmentos indispensáveis para quem deseja construir renda passiva consistente ao longo do tempo. Ele chama atenção para setores como saneamento, energia, financeiro, transmissão e seguros, classificando-os como estratégicos devido à sua capacidade de gerar lucros mesmo em cenários econômicos mais turbulentos.
É importante destacar que essas áreas, em geral, se beneficiam de alta demanda contínua ou de produtos e serviços essenciais, o que tende a garantir resultados mais previsíveis para as empresas envolvidas. Por isso, elas são frequentemente procuradas por investidores que buscam tanto proteção quanto crescimento do capital ao longo dos anos.
“Historicamente, essas ações pagam entre 8,5% e 9,5% ao ano só com dividendos, sem contar a valorização”.
Na visão de Barsi Neto, o potencial de pagamento de dividendos faz com que esses setores sejam um pilar sólido para uma estratégia de investimento pautada em renda passiva. Somada à possibilidade de valorização das ações no longo prazo, essa característica atende ao principal objetivo de quem pretende obter receitas recorrentes, permitindo também a prática do reinvestimento para acelerar o crescimento do patrimônio.
A importância do reinvestimento
Durante o painel do Onde Investir 2025, os especialistas também destacaram a relevância do reinvestimento para investidores em renda passiva. Barsi Neto explica a chamada “estratégia da bola de neve”:
“Se tenho uma carteira de R$ 10 mil com proventos de 10% ao ano, ganho R$ 1 mil de renda passiva, posso gastar esse montante e esperar os R$ 1 mil do ano que vem, mas se reinvisto, terei uma carteira de R$ 11 mil, já recebendo R$ 1.100 e assim começo a fazer minha bola de neve”.
Para quem se sente desanimado com o retorno inicial, Bacci reforça que “é preciso começar de algum lugar”. Ele também descreve o que considera ser uma das maiores vantagens de viver de renda passiva: “paz de espírito com créditos caindo na conta; o investimento precisa ter uma função, e essa função é a melhora de vida”.
FIIs são “conto do vigário”?
Por fim, Barsi Neto comentou a famosa declaração de seu pai, Luiz Barsi Filho, feita há cerca de um ano e meio, na qual ele se referiu aos FIIs como “conto do vigário” e recomendou aos investidores: “fuja dos fundos”.
De acordo com Barsi Neto, a visão do pai dizia respeito ao “boom” que ocorreu nos FIIs por volta de 2014, quando muitos participantes do mercado prometiam valorizações semelhantes às das ações: “Em determinado momento, houve um boom e muitos foram enganados ao dizer que as cotas teriam a mesma movimentação de uma empresa”.
Conclusão
Para Barsi Neto e André Bacci, o cenário atual pode ser ideal para quem busca renda passiva, seja por meio de ações que pagam bons dividendos ou pela aquisição de FIIs descontados. No entanto, ambos ressaltam a importância de estudar o mercado, reinvestir proventos e escolher os ativos de acordo com objetivos de longo prazo — pois, assim, fica mais fácil alcançar a tranquilidade financeira tão desejada pelos investidores.
